Com séculos de intervalo, “Livro dos Mortos”, do Egito Antigo, tem pedaços reunidos

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Você já deve ter lido – nos livros da escola ou em algum lugar por aí – que os egípcios antigos acreditavam que, na vida após a morte, as pessoas precisavam de elementos do mundo humano em suas jornadas para encontrar Osíris, o Deus da Morte, certo? 

É por este motivo que as diversas artes observadas em pirâmides e tumbas retratam cenas com oferendas, suprimentos e servos. 


Pois bem, hoje em dia, esse conjunto de escrituras é conhecido como “Livro dos Mortos”.


Apesar da nomenclatura, não estamos falando exatamente de um livro físico, mas, sim, de pelo menos 200 escrituras, encontradas em diferentes objetos (que vão de ataduras das múmias a túmulos) e – surpresa! – elas não estão reunidas em um mesmo local.


Um bom exemplo é a recente descoberta de que um fragmento preservado na Nova Zelândia é a exata continuação de um outro, que se encontra nos Estados Unidos.


Guardado pela Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, o trecho do Livro dos Mortos tem 2.300 anos e foi escrito em um pedaço de linho usado para envolver uma múmia. A conclusão de que ele seria complementar ao fragmento nos EUA – preservado pelo Instituto de Pesquisa Getty – se deu após o artefato ser cadastrado em um sistema de dados online junto com outras peças históricas.


Segundo a professora Alison Griffith – especialista em arte egípcia – docente da instituição neozelandesa, ambas as partes descrevem cenas compatíveis com o Livro dos Mortos, visto que utilizam a escrita hierática e datam de 300 a.C. “Existe um pequeno descompasso entre os dois fragmentos, mas as cenas fazem sentido e o texto é preciso”, contou Griffith. “É incrível ver esses dois pedaços juntos digitalmente”, completou ela. 


Mas, afinal, o que há nesses fragmentos? As cenas trazem a imagem de açougueiros cortando um boi como oferenda, homens carregando móveis para a vida após a morte, um barco funerário com as figuras das deusas Ísis e Néfi e um homem puxando um trenó com a imagem da divindade Anúbis.


Griffith ainda sublinhou a enorme habilidade da pessoa responsável pelas escrituras, já que – nos períodos iniciais – os egípcios escreviam diretamente nas paredes da tumba e, depois, passaram a utilizar papiro e o linho empregado na mumificação. “É difícil escrever nesse tipo de material, você precisa ter uma pena e uma mão firme. Essa pessoa fez um ótimo trabalho”, registrou a professora.


Interessante, não?



[Fonte: Revista Galileu]